12 de setembro de 2012

GAZ+ - A plenitude do NX Zero


              Com 11 anos de estrada, o NX Zero se consolidou como uma das grandes bandas de pop rock da última geração.


Com carreira consolidada e muitos hits na bagagem, o quinteto paulistano retorna aos holofotes com o disco Em Comum. Em um papo com o Gaz+, o baixista Caco fala sobre o novo trabalho, o momento em que a banda se encontra e as novidades que vêm por aí
Ame ou odeie, é preciso admitir: da safra de bandas de rock que surgiram na última década, poucas conquistaram um espaço tão marcante na música nacional como o NX Zero. O quinteto, que veio do underground e foi catapultado para o mainstream, logo ganhou vários rótulos. Só que isso não os impediu de alcançar com o tempo uma posição semelhante a de outras bandas de pop rock já consolidadas, como Skank e Jota Quest. Hoje, não apenas os fãs do estilo dos caras escutam as músicas do NX. É só ter o ouvido atento para perceber que as canções deles alcançam um público muito mais amplo.
E é com essa bagagem adquirida ao longo de 11 anos de estrada que o quinteto paulistano lança Em Comum, seu quinto álbum de inéditas. O último, Sete Chaves, saiu há três anos – tempo suficiente para o mercado fonográfico dar uma chacoalhada que influenciou diretamente a criação do novo trabalho. “Esse disco a gente fez de uma maneira um pouco diferente do que o costume”, conta o baixista Conrado Grandino, o Caco, em entrevista exclusiva para o Gaz+ por telefone.
Segundo o músico, esta foi a primeira vez que o NX não gravou o disco todo de uma vez. A estratégia foi disponibilizar as faixas aos poucos para os fãs e ir sentindo o clima. “É um jeito diferente de trabalhar música. Com a chegada do iTunes, o processo acabou ficando diferente”, explica Caco, que gostou bastante do resultado final. “A gente teve de pensar cada música com calma, selecionar melhor o repertório e ter até um pouco mais de tempo para criar os arranjos”.
As composições continuam responsabilidade do vocalista Di Ferrero. “Todas têm uma história por trás. Não é nada aleatório”, afirma Caco. As inspirações vieram de vivências do próprio Di, de amigos e situações em lugares e rotinas diferentes – principalmente no Rio de Janeiro, onde o vocalista vive atualmente.
Setlist NX
Com tantos hits lançados e a necessidade de apresentar as novas canções aos fãs, o NX Zero resolveu inovar na hora de planejar a próxima turnê – que deve começar ainda este ano. Ou melhor, as próximas turnês. Isso porque a banda vai rodar o Brasil com dois shows diferentes. Um deles, com um tom mais “oficial”, trará as músicas novas e grandes sucessos.
A novidade, porém, é a turnê paralela Setlist NX, na qual os fãs terão a oportunidade de dar pitacos na escolha do som. “A galera entra no site, escolhe as músicas do repertório inteiro e a gente toca”, explica Caco. Essa ideia surgiu por conta do grande número de hits que o NX Zero colecionou ao longo dos anos e que, por questão de tempo, não cabiam todos nos shows oficiais. “A gente sempre sentiu que é muito difícil agradar todo mundo. Então pensamos em fazer uma parada que a galera possa escolher”.
Atualmente, o quinteto ainda está decidindo as cidades que irão receber os shows, mas Caco adianta que, se depender deles, Curitiba certamente estará na rota. “Pra gente, Curitiba é uma das principais cidades. Sempre que lançamos disco nós passamos por aí”, diz. Os fãs torcem para que a tradição continue.
Carreira
Respeito e paixão são essenciais para o sucesso
Quando se vê uma carreira crescente como a do NX Zero é impossível não parar para tentar entender qual o segredo do sucesso dos caras. Para o baixista Conrado Grandino, o Caco, é difícil definir uma fórmula, mas existem alguns elementos essenciais. “Musicalidade, amor pelo o que você está fazendo, respeito entre si e pelos fãs. Tudo isso influi na hora de ter sucesso ou não”, reflete.
Não deixar se acomodar com a fama também fez bem para o NX Zero, que sempre procurou trazer novidades para os fãs. Um exemplo é o disco Projeto Paralelo, lançado em 2010, no qual o grupo reinventou algumas de suas canções mais importantes com grandes nomes do hip hop. Com exclusividade para o Gaz+, Caco conta que eles pensam em repetir a dose mais para frente, quando tiverem mais músicas na manga – desta vez, com uma pegada mais diferente ainda. “Quem sabe um reggae ou um dub step”, sugere o baixista.
Pura amizade
Juntos desde o início, o NX nunca teve mudança de formação nestes 11 anos de estrada. Para Caco, o respeito é fundamental para que os laços entre eles fiquem cada vez mais estreitos. “A gente sabe que todo mundo tem sua peculiaridade, suas diferenças, mas também sabemos que todo mundo está remando para o mesmo lado, querendo fazer um bom trabalho”, diz.
Mais velhos e sossegados, hoje cada um do quinteto tem a sua casa e uma vida mais tranquila. Não muito fãs de baladas, eles preferem sair para jantar, ir a pubs ou fazer um churrasco nas horas de folga. “São raros os dias em que a gente não se vê. É até engraçado porque nos vemos quase todo dia no trabalho, chega uma sexta-feira que não tem show e um manda mensagem para o outro ‘vamos se encontrar? Chega aqui em casa’”, revela.
No Japão
Banda planeja lançar documentário de turnê
No mês de agosto o NX Zero cruzou o mundo para fazer uma turnê na terra do sol nascente. Tocando principalmente em colônias brasileiras no Japão, os caras filmaram a viagem e devem lançar um documentário sobre a tour, ainda sem data para sair. Além do registro dos shows, muitas histórias curiosas devem fazer parte do material.
Em entrevista ao Gaz+, o baixista Caco adiantou uma delas. “A gente zoou e se divertiu muito lá. Teve um fato engraçado, porque a gente gosta de comida japonesa. Aí fomos num restaurante e pedimos uma parada pela foto, já que não entendíamos o cardápio. Só que todo mundo fez cara estranha quando comeu. Depois fui pesquisar e descobri que era intestino de porco cru. Aí nós criamos uma regra: a gente não come nada que tenha morrido há menos de meia hora”, diverte-se Caco.
O que achamos
Em Comum é consistente
Os dois anos de descanso fizeram bem ao NX Zero. Depois de imergir em misturas convincentes com o rap em Projeto Paralelo, a banda de Di Ferrero precisava renovar o seu repertório com letras mais encorpadas e uma vibe totalmente diferente dos discos anteriores – após a calmaria de Sete Chaves e o ritmo pesado de Agora.
No álbum Em Comum o grupo se reafirma e mostra que consegue criar boas composições após 11 anos de estrada. As letras ficaram a cargo do vocalista Di Ferrero, que parece ter amadurecido muito em pouco tempo – talvez o “quase casamento” com a atriz Mariana Rios tenha ajudado.
O disco já começa quente com “Sem Hora Pra Voltar”, graças à ajuda de uma guitarra mais forte, que se repete no single “Maré”, e nas belas faixas “Espero um Sinal” e “Guerra por Paz”.
Em “Pedido” a banda toda faz as vezes de backing vocal em um refrão grudento. Na última faixa, “Nada Mais é Como Era Antes”, que tem um quê de “Apenas Mais Uma de Amor”, sucesso de Lulu Santos regravado pela banda em 2008, o quinteto reafirma sua evolução.
Com acordes renovados e letras mais reflexivas, o NX Zero mostra que tem potencial para seguir no mercado fonográfico por muitos anos desde que não perca sua marca registrada: inovar com cautela e na hora certa.

Por Gaz+

Nenhum comentário:

Postar um comentário